Vamos hoje fazer um pequeno inquérito para avaliar em que medida os portugueses confiam na Justiça.
Uns responderão que sim, outros que não e por isso vamos tirar as coisas a limpo:
- Sr. João Rendeiro, confia na Justiça?
R: Desconfio e confio.
- Como desconfia e confia?
R: Desconfio porque me aplicou sucessivas penas de prisão injustamente, sendo eu um administrador bancário sério e que nunca cometeu qualquer crime.
Mas confio porque a Justiça, depois de me ter condenado injustamente, reparou os erros cometidos, deixando-me sair do pais com tranquilidade e legalmente, o que me permite ir agora cumprir a minha pena de prisão numa ilha paradisíaca.
- Sr. Ricardo Espírito Santo, confia na Justiça?
R: Confio, até ver.
- Como?
R: Até hoje tenho acompanhado tranquilamente o desenrolar dos processos em que sou arguido, sem qualquer sobressalto.
Não me proibiram a ida de férias à Sardenha para recuperar da doença de Alzheimer de que padeço.
Por outro lado, aguardo confiadamente o arquivamento, por prescrição, dos processos em que sou arguido.
- Sr. Luís Filipe Vieira, confia na Justiça?
R: Sim, confio plenamente.
Aliás agradeço-lhe o contributo por me ter livrado da fornalha do Benfica e quanto a processos está tudo sobre controle.
- Sr. Pinto da Costa, confia na Justiça?
R: Claro que confio, não só na Justiça dos homens, mas especialmente na Justiça Divina.
- Sr. Advogado, confia na Justiça?
R: Eu confio (nem posso dizer outra coisa pois de outro modo os meus clientes podem sair prejudicados).
- Sr.ª Procuradora Geral da República, confia na Justiça?
R: Tenho de confiar, até que me chegue alguma queixa em contrário.
- Sr.ª Provedora de Justiça, confia na Justiça?
R: Claro que confio, pois, caso contrário, não era sua provedora.
- Sr. Presidente do Conselho Superior de Magistratura, confia na Justiça?
R: Sim, confio; aliás os Juízes portugueses são todos bons ou muito bons.
- Sr. Pilha Galinhas, confia na Justiça?
R: Não; mas a Justiça, também não confia em mim, pois condenou-me por eu roubar galinhas, mas eu só roubei dois galos e três codornizes.
Com estas solenes declarações de confiança na Justiça, em que a única exceção é de um pequeno ratoneiro, como é possível alguém atrever-se a duvidar da Justiça que temos?
Zérrio
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