O tema proposto deveria começar por um enquadramento e apreciação histórico/narrativo do mundo que socialmente nos envolve.
Contudo e pela sua atualidade é imperioso que lhe dediquemos algumas considerações, mesmo sem tal enquadramento.
E ao fazê-lo, em Terras de Viriato, não podíamos ficar indiferentes à disputa da Câmara Municipal de Viseu por dois candidatos a sobressaírem-se neste panorama eleitoral.
E acontece que todos os dias e sempre que me dirijo à minha residência, na estrada que a ela conduz, deparo-me com as fotografias de tais protagonistas em dois enormes placards.
Isto incomoda-me.
Embora tais placards, com duas fotografias gigantescas, tenham cada um o seu slogan que será a mensagem central da candidatura às próximas eleições, o certo é que os mesmos não podem deixar de me lembrar o tempo em que os grandes argumentos de campanha eram as caravanas a buzinar ensurdecedoramente por essas terras adiante, exprimindo tacitamente a convicção de que tais manifestações seriam o último argumento para convencer os indecisos.
Se bem analisarmos tais campanhas eram e continuam a ser onde se realizam um insulto à inteligência e à preparação ou pelo menos às convicções de cada um de nós.
Os cartazes monumentais, embora não tanto, não escapam a tal reparo.
E qual a mensagem que nos transmitem?
Um dos placards apresenta-nos um candidato de aspeto ainda bastante jovem, mas já encanecido e também com a barba branca.
Saiu de terras de Azurara, foi marcar o ponto à Assembleia da República e regressou agora à capital do distrito, propondo-se dirigir a autarquia.
Já o conhecíamos e da sessão de apresentação que ouvimos pela rádio verifica-se que continua detentor de uma “palheta” de que infelizmente não usou quando passou pelo Parlamento.
Nessa sessão estava apoiado por pesos fortes do partido que o apoia e cada um de nós e de vós fará o julgamento das propostas que nos trouxe.
O outro candidato, de aparência bastante mais idosa, disfarça a sua idade (ou não!), com uma cabeleira e um bigode impressionante pretos.
Contudo, observando bem os olhos encovados e olhar vazio põem-nos algumas interrogações que nos obrigam a seguir o seu percurso.
Natural de uma freguesia do concelho, candidatou-se pela primeira vez à câmara, invocando formação e princípios respeitáveis e bastante conservadores.
Tornou-se presidente e quando a sua eleição já não era possível o partido colocou-o na Assembleia da República, onde, salvo distração nossa, não lhe ouvimos qualquer intervenção.
Mas há pessoas que são difíceis de arrumar neste jogo partidário e não tendo dado bom recado foi mandado representar o País no Parlamento Europeu.
Por qualquer razão e talvez porque a sua mudez continuasse, o partido abriu-lhe as portas para nova candidatura à presidência da maior câmara do distrito.
Para quem esteve no centro do poder parlamentar europeu tal candidatura tem no povo um adágio que eu não quero usar pelo respeito que todos e também ele nos merece.
Para ser suave usarei um outro adágio que subscrevo e este é no sentido de que a água não passa duas vezes debaixo da mesma ponte e quando passa algo se perverteu no universo.
Se as leis que regem as eleições autárquicas impõem um limite de mandatos talvez não fosse desavisado que impedissem mesmo o retorno à candidatura ao mesmo lugar, numa espécie de querer concluir o que não fez quando teve oportunidade de fazer.
Só não desejo que aconteça, sinceramente, é que tal candidato, de trambolhão em trambolhão, não vá qualquer dia aparecer a candidatar-se à Junta de Freguesia de Farminhão (Boa Aldeia, Farminhão e Torredeita).
Sabemos que não é fértil na verve, mas o proto vice-presidente lá está na sua retaguarda a proclamar poderosamente: “venham mais cinco… carvalho”.
Vença o melhor para o concelho!
Zérrio!!