A opinião que dele tem Pinto Balsemão
Pinto Balsemão é, seguramente, uma das pessoas que melhor conhece Marcelo Rebelo de Sousa.
Fala dele no seu livro de memórias e numa recente entrevista na "Primeira Pessoa" a Fátima Campos Ferreira.
Nesta entrevista Pinto Balsemão falou, com a estrema lucidez, dignidade e franqueza notáveis, pronunciou-se sobre os mais variados assuntos, designadamente, sobre o período crucial da Revolução de Abril e de alguns momentos da sua vida particular e política.
Não poupou ninguém nem as palavras.
Do rei João Carlos de Espanha, do qual fora amigo desde a juventude, mostrou uma reprovação total dos seus comportamentos mais recentes e repudiou a hipótese de o visitar nos Emirates Árabes Unidos onde se encontra refugiado.
Marcelo, conhece-o porque lhe confiou o cargo de diretor do Expresso que desempenhava, numa altura em que o entrevistado foi Primeiro Ministro.
Lembrou o episódio de Marcelo, como diretor do Expresso, ter afirmado que o entrevistado era "lelé da cuca".
Quando o chamou para o Governo foi para o controlar porque não lhe merecia confiança.
Quando Marcelo saiu do Governo comprometeu-se a nada dizer sobre as razões do seu afastamento e falou!
Comparou-o com o escorpião que ataca a ré com o seu veneno quando esta aceitou ajudá-lo a atravessar um rio.
Da atualidade salienta que alguns percursos de Marcelo são curvilíneos, dizendo que não é possível estar de bem com Deus e com o Diabo!
E para nós, Marcelo Presidente?
Será diferente?
No seu jeito peculiar de intervir esquece-se que é Presidente e veste de novo a pele de comentador.
E fala, todos os dias, fala!
Fala demais.
Ainda há dias dizia para a comunicação social que Portugal saia do Afeganistão de cabeça erguida, quando na verdade deixámos cerca de 100 pessoas para trás, desprotegidos nas mãos dos talibãs.
Comenta, comenta, comenta, mesmo a pandemia, mais do que o Bastonário da Ordem dos Médicos!
Quando nesse linguajar excede manifestamente as suas funções de Presidente, lembra-me a voz do comando marcial usado pelos brasileiros quando dizem, em vez de marcar passo: "faz que anda, mas não anda; up".
Pois, Marcelo "faz que manda, mas não manda, up" e já teve de engolir desnecessariamente várias proclamações.
Claro que Marcelo tem tido um mérito.
Não é tomba Governos.
Estivesse na presidência outrem, a quem o já vi a chamar "múmia paralítica", e os rios correriam hoje da foz para a nascente.
Até breve,
Zérrio